18 de março de 2007

Emancipação Feminina

É um assunto ainda muito debatido, quase todos (actualmente) concordam com a emancipação feminina, todos também concordam que o mesmo não está estabelecido e a funcionar como se gostaria. Muito já se falou do porquê de tal acontecer, e muita gente concorda que é uma questão de tempo até as novas gerações com mente mais "aberta" serem a maioria da Sociedade.

Até lá assistimos a várias discussões onde os direitos das mulheres são colocados em causa, discussões sobre o machismo dos homens, sobre o mundo dos homens que ainda se sente, e sobre outros aspectos.

Antes de mais, devo dizer que não tenho nada contra mulheres, sou a favor da igualdade de direitos, e gosto de pensar que não sou machista, mas decerto haverá alguém que dirá que sou o contrário.
No texto de hoje vou fazer uma abordagem diferente, que não é simpática, apenas diferente mas que por ser diferente vou transpô-la neste tópico, porque da visão "correcta" já se fala muito noutros sítios.

A igualdade de direitos entre homem e mulher é uma "ideia bonita", mas difícil de colocar em práctica, não só por causa do conservadorismo dos homens, mas também das mulheres, as quais não são isentas de "culpa" e daí a sua plenitude demorar a chegar.

- Começando por uma noticia recente, soube que a partir de 2008 o recenseamento militar vai ser obrigatório, para homens e mulheres. Ora os homens já ficavam extremamente contentes com a noticia, imagino as mulheres que devem estar a delirar de alegria;

- Hoje em dia, um homem bater noutro é "parvoíce", um homem bater numa mulher é uma vergonha, uma mulher bater noutra é apenas uma fantasia de homens, uma mulher bater num homem é motivo para risota;

- A discriminação também acontece aos homens, por exemplo, num caso de assédio sexual, independentemente de quem faz o assédio, o homem será sempre culpado e a mulher a vitima (ao olho do "povo");

- É verdade que as mulheres é que fazem o esforço (positivo) de dar à luz uma criança, mas o mesmo fenómeno já foi usado como "arma" no desporto, lembro-me por exemplo que as competidoras de natação da ex-RDA usavam o facto da gravidez aumentar o numero de hormonas para obter vantagem sobre outras concorrentes;

As mulheres tem o futuro da humanidade (e também o presente) nas suas mãos, podem não concordar com o método de obter esse poder, podem não querer esse poder, mas enquanto não se sintonizarem todas, as coisas irão manter-se como estão. É fácil acusar os homens e a sociedade de machismo, e terão muita razão, mas também é verdade que enquanto houver mulheres "subservientes" irá tornará a tal plenitude de igualdade de direitos mais difícil de concretizar, mas por outro lado coloca uma questão "filosófica" sobre a existência de mulheres com plenos direitos sem mulheres subservientes, quase como a questão de que não pode haver Bem sem Mal. Por outro lado também fica a sensação que as mulheres querem a igualdade de direitos, mas não de todos, um ou outro há que é melhor ficar com os homens.

4 de março de 2007

Salazar - Recordar ou Reprimir?

Já ouvi e de certeza muitos outros ouviram alguém a manifestar-se com frases do género "No tempo de Salazar não havia disto!" quando vêem algo que não lhes agrada. Maioria das pessoas concordará com a situação que origina tal frase, mas a expressão escolhida já poderá não ser do agrado.

Todos nós temos uma noção do papel de Salazar na história, e a grande maioria vê-o como a personificação de um período negro na democracia portuguesa. Salazar veio novamente à tona não só pela votação para o pior e melhor português, como recentemente sobre a construção de um museu sobre a sua pessoa. Sobre as votações nada tenho a dizer, tem o valor que quisermos dar, mas sobre o museu já não acontece o mesmo.

Eu tenho a tendência (admito) para ver Salazar como a tal personificação do período negro da democracia portuguesa, e digo democracia, não história. Todos somos contra a censura, prisões de quem apenas se manifesta contra o governo, da desconfiança entre familiares, vizinhos, amigos sem saber se eram ou não da PIDE. Mas também lembro-me de ter sido dito nas aulas de História que nesse período, Portugal tinha a sétima maior reserva de ouro, obviamente que falta saber a que custo foi obtida essa reserva. Mas apenas menciono este aspecto para salientar que a herança da governação de Salazar não é completamente negativa. O período em causa sim, mas passámos para uma democracia nova, com a plenitude de direitos a ela inerente, e se hoje dizemos mal do estado do país, de quem é a culpa? Quem é que pode dizer mal de Salazar?

Começemos pela tal reserva de ouro, éramos a 7ª potência, o que aconteceu a essa riqueza? Foram os sucessivos governos a gastar tal riqueza em algo que ninguém reparou (talvez cegos pela nova democracia)? Salazar sabemos que não refugiou-se no estrangeiro com o dinheiro.

Quanto à nova democracia, todos nós ganhámos de volta os direitos perdidos com o Estado Novo, e o que fizemos? Bem, após a "euforia" agora vemos que a participação das pessoas nos destinos à frente do país é cada vez menor; cada vez mais, ouvimos falar de corrupção, desemprego e dificuldades financeiras. Salazar de certeza que não é culpado por esta situação, Por isso repito a questão, quem é que pode dizer mal de Salazar?

De certeza que não são aqueles que abstêm-se de votar, também não serão aqueles que nasceram, digamos a partir dos anos 80, não é discriminação mas só sabem aquilo que lhes foi dito. Sobram aqueles que viveram nesse período e que nasceram nos anos logo a seguir e ainda tiveram tempo de viver a fase de transição para a "plenitude de direitos". Por isso quando vejo/ouço alguém que viveu nesse período a queixar-se da opressão de Salazar, não posso dizer nada contra, mas também não posso dizer nada contra a quem viveu nesse período, que foi preso e torturado pela PIDE, e anos depois ao ver a situação actual do país reconhece que esse período foi um "mal necessário", e esta situação não é fantasia, ninguém contou, vi na televisão a pessoa em causa a falar. Os mais cépticos poderão dizer que se trata do "Sindroma de Estocolmo", eu prefiro pensar que o homem sabe o que está a dizer e que a ele ninguém pode falar mal.

E chegamos ao dia de hoje, passada que foi há uns dias o protesto contra a construção do museu sobre Salazar. Na minha opinião quem se poderia mostrar contra preferiu mostrar-se a favor, e aqueles que não eram afectados na sua vida pelo museu resolveram dar importância a algo que o país mais tarde ou mais cedo vai esquecer.

Por isso, com ou sem museu, devemos recordar ou reprimir Salazar?
Dando já a minha opinião, recordar acredito que significa que, se estamos numa democracia é porque saímos de uma ditadura, e mantém vivo o significado de "dever cívico" das pessoas como por exemplo o voto nas eleições. O reprimir representará o esquecimento, o acomodar das pessoas com o que têem agora, sem contestar o que o governo faz, deixar que outros decidam o seu futuro. A História serve para recordarmos e conhecermos o passado para que não se repita erros. Quanto a manifestações, aqueles que tem "autoridade moral" que expressem a sua opinião, os outros que se calem e que dirijam a sua energia em tornar o seu país e a sua vida melhor sem culpar o passado que pouco conhecem.