24 de junho de 2007

O prédio do "sobe e desce"

A "história" que se segue é real, mas parece tão irreal que a conto e depois manifestarei as opiniões que sejam pertinentes.

A casa do lado é alugada, já há muitos anos e os inquilinos mudam de ano para ano, no início deste mês foi a altura da dita mudança, e eis que chega uma inquilina. De início, nem se repara nela, nunca se mostrou (que eu saiba), barulhos em casa eram inexistentes, para todos os efeitos era como se a casa estivesse vazia, mas não estava.

Antes de mais é de referir que o prédio está com obras no telhado, por isso é normal a porta do mesmo estar aberta e que haja pessoas a circular para cima e para baixo por esse motivo. Estranho foi ouvir desses trabalhadores, que havia um "excesso" de homens a subir e a descer as escadas, ao que se começa a seguir um certo volume de toques às campainhas dos vizinhos a dizerem "é a pessoa que ligou há pouco". Entra o prédio em alvoroço, temos um bordel no prédio e é mesmo ao meu lado, e ninguém reparou (o facto de haver obras é uma atenuante mas...).

Ao fim de alguns toques, e aproveitando que era fim de semana e com as pessoas em casa, eis que os vizinhos em resposta a um dos toques ao lado saem para as escadas do mesmo, é apanhado o cliente e a inquilina (que se confirmou estar a prestar serviços sexuais pagos - para ser "politicamente correcto"). O homenzito ganhou vergonha e nem ficou 1 minuto dentro de casa, e a inquilina viu-se apanhada em flagrante. Chamou-se o senhoria que só uns dias mais tarde conseguiu chegar, até lá foi serviço em cima de serviço, veio-se a descobrir que a "senhora" pedia 35 euros, e pelo menos recebia 6 ou 7 pessoas por dia.

Obviamente a inquilina saiu antes da senhoria chegar, tudo limpinho e sem marcas dentro do apartamento. Pior são as marcas externas, na rua e nos cafés mais perto do prédio, já quase tudo sabia, chegou-se a dizer que "já não é preciso ir a Lisboa!", alguma vizinhança da qual já conhecida de longa data, e qualquer moradora que correspondesse ao anúncio da inquilina e que fosse à janela, era logo mirada e alvo de sorrisos menos simpáticos. O prédio ficou a ser conhecido como "o prédio do sobe e desce", até a policia que teve a gentileza de aparecer quando legalmente não podiam fazer nada se riram do título, e sinceramente até eu, aliás, consegui rir-me da situação em quase toda a sua história, excepto no que toca à parte da segurança e por exemplo, não são poucas as crianças no prédio.

A história acabou com a chegada da senhoria, mas por uns tempos vai haver uma reputação e piadinhas sobre o assunto.

O que se aprendeu?

- Bem, a vizinhança que já sabia do negócio antes mesmo dos moradores, não contaram ou sequer alertaram para o efeito, pelo que as relações por uns tempos não serão as melhores. Parece que o respeito e boa vizinhança são também "espécies" em via de extinção.

- Alguns dos vizinhos da rua, parecem frequentar este tipo de serviços, senão não diziam "já não é preciso ir a Lisboa", mas ninguém lembrou-se de os confrontar, e pelo que parece até os VIP's da zona vieram experimentar!!!

Quanto a opiniões, formulo duas:

- Já uma amiga minha (e vou dizer grande amiga/mulher porque neste momento o merece ouvir publicamente, pena é dizê-lo através deste tópico, e por isso peço desculpa) disse muito recentemente "Acredita-se demais nas pessoas", mesmo que em contextos diferentes não deixa de ser verdade, as pessoas hoje em dia, em relação à Sociedade só se interessam no que lhes acontece e os outros já é quase que se lixem, e digo em relação à sociedade, não em relação a amigos embora esta relação tenha começado ou já esteja a ser afectada. Neste caso concreto, e como referido acima, boa vizinhança começa a ser escassa, e já o "Bom dia" referido no tópico anterior também desapareceu por estas bandas.

- A segunda opinião, sobre a prostituição, eu não sou contra, sou mesmo a favor da legalização da mesma, partindo do pressuposto que é criado melhores condições de segurança para todos, e que se criem casas ou zonas especificas para o efeito, porque num prédio de família e onde há crianças, isso aí sou 100% contra. Mas a legalização também é importante para tirar a mesma de um impasse "técnico-judicial", neste momento não é legal, mas também não é ilegal e a policia fica de mãos presas em casos como este em prédios de família. E depois é difícil provar que a prostituição é um negócio e que por isso não pode ter lugar nesse mesmo prédio de habitação.

PS - pormenores ficaram de fora na história, mas a mesma ficam em privado como é obvio, de qualquer modo, o facto de por uns "dias" haver um bordel no prédio, quase parece irreal, que só acontece aos outros.

3 comentários:

Ana Maia disse...

Como te disse, fez-me lembrar cenas dignas de um daqueles embróglios do Almodovar :D

Sunshine disse...

Muito as pessoas gostam de criticar...
Eu pessoalmente não tinha problemas alguns em ter uma visinha dessas...
o facto dela fazer pouco ou quase nenhum barulho demonstra que tem respeito pelos outros.
O facto dela deixar tudo limpinho, demonstra mais uma vez, respeito pelos outros..
O facto dela sair sem sequer chegar a senhoria, parece-me por ser motivos de evitar conflictos...
Eu até apostava que sempre que eu lhe desse um bom dia a passar por as escadas, ele comprementava-me de volta...
Pois... eu não me importava de ter uma visinha dessas.

mr disse...

Olha que não deixa de ser uma história bem divertida! Eu pelo menos fartei-me de rir e concorco com as opiniões acima!