O objectivo deste tópico não é criticar ninguém, não é chamar mentiroso a ninguém, ou muito menos chamar de estúpido a ninguém, mas é certo que a língua portuguesa é pródiga a várias interpretações, por consequência a várias confusões. Hoje em dia um "sim" não exclui o "não", mas já voltarei a este exemplo.
As pessoas hoje em dia, seja por falta de tempo, de paciência e pronto, algumas por falta de inteligência só ouvem mesmo o que lhes é dito e posteriormente surpreendem-se com palavras ou acções em contrário à ideia que ouviram ou criaram - atenção que também não estou a dizer que quem diz algo não é sincero nas suas palavras, mas há quem escolha a dedo as palavras.
Vejamos o caso da mentira, uma pessoa ouve uma mentira, dá ênfase ao significado que o mentiroso quer dar, não tanto ao conteúdo. Uma pessoa posteriormente pode aprender que a outra pessoa é mentirosa ou que sabe mentir, mas e que mais? Apenas isso? A maioria das pessoas nem se apercebe que por trás de uma mentira há uma verdade, e que essa verdade por vezes pode ser maior que a mentira em si, essa verdade pode até explicar o porquê da mentira, seja inveja, ódio, pena, até mesmo protecção. Neste caso, as palavras do "mentiroso" podem ser ou não sinceras, se conseguirmos apercebermo-nos da verdade atrás da mentira, não iremos estar a viver uma mentira e iremos aprender muito mais, claro que isto é mais fácil falar do que fazer.
Sobre a "verdade não contada", poderá dizer-se que acontece por omissão de palavras ou ideias, ou pela dupla (ou mais) interpretação que as palavras possam ter.
A omissão é ou será fácil de entender, a falta de informação simplesmente não conduz uma pessoa à ideia pretendida, tal como na mentira a omissão pode ser voluntária, neste caso não há que decifrar o conteúdo, mas sim procurar a informação que falta caso a que temos não ser suficiente.
A "dupla interpretação" é muito semelhante à mentira, apenas temos que decifrar o contexto ou o propósito do que é dito. Palavras ou frases como por exemplo "gosto de ti", se dantes representava uma maior empatia entre duas pessoas, hoje em dia, se falarmos de duas pessoas de sexo diferentes, o "gosto de ti" pode assustar quem ouve porque o significado de gostar já não é tão literal.
Voltando ao exemplo do sim/não, se estes dois "valores" eram algo absoluto, agora já não o são, porquê? Na minha opinião, por causa da omissão anteriormente referida. Por exemplo e juntando o exemplo do "gostar", à pergunta "gostas de mim?", a resposta "sim!" pode ser literal no sentido mais simples inerente à pergunta, ao invés, se na pergunta o "gostar" for maior ou tiver um significado mais complexo, a resposta poderá indicar um "sim, mas ...!" e o sim deixa aqui de ser 8 ou 80. Outra pergunta cuja resposta sim ou não permite mais que uma interpretação ou a presença de omissão é "Achas que estou bonita/magra?", se o "não" aqui ou na pergunta anterior será algo absoluto (mas que numa linha temporal pode perder esse valor), o "sim" volta a ser alvo de interpretação.
Estas mentiras, omissões e interpretações estão sempre presentes, não é algo com o qual devemos ficar obcecados, mas começa a ser uma má desculpa para sermos surpreendidos, pelo menos com algumas pessoas. Isto acontece e aplica-se em casos pessoais, profissionais, em assuntos sérios ou em brincadeiras e pelos mais variados motivos. Há uma expressão que diz "A língua portuguesa é muito traiçoeira", pessoalmente já não me fico pela língua portuguesa, mas tem de facto muitas armadilhas. E minhas senhoras e meus senhores, se existe ou há a necessidade das entrelinhas, é devido a estas virtudes e desvirtudes da língua.
Fica o "alerta" (cá está outra com mais que um significado), pode ser que apanhem menos surpresas negativas, e mais exemplos podiam ser mencionados, inclusivé nuances ou complementos como linguagem gestual/corporal, mas aqui pretendo apenas falar da língua escrita/oral, e agora para confundir um pouco mais as coisas:
- Uma pessoa que mente ao dizer "não gosto de ti" pode muito bem estar a tentar esconder o facto de que gosta, romântico não é? :) Agora cuidem-se as pessoas a quem digo que gosto delas, pois posso estar a mentir :P :D
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6 comentários:
A mentira que não é dita com palavras, mas com atitudes é a que mais magoa (penso eu e assim de repente, porque, como já disse algures, ando com poucos neurónios disponíveis). E há pessoas, que, em nome da honestidade, cometem as acções mais vis, pouco se ralando que o resto das suas acções sejam completamente desonestas. Palavras são apenas palavras. Elas são ditas por alguém e ouvidas por outrem. O azul que eu vejo é diferente do que tu vês, pela simples razão de que eu vejo com os meus olhos e tu com os teus.
Texto confuso, o teu! Tenho de voltar a lê-lo!...
@ lélé e também outros,
eu quando escrevi este tópico não estava a referir-me em especifico às acções humanas por trás das palavras, apenas resolvi implicar com o uso (ou se quiserem, o não uso) da língua portuguesa e outras também.
lá está!... tiveste uma intenção ao escrever e eu tive outra ao ler... confere!
Tópico interessante e que fica a soar a recado para alguém.
Na mesma linha deixo dois comentários:
1º por este motivo, e não só, nunca fui muito adepto de relações sociais. Em especial em jovem...
2º A vida conduz-nos a interagir com muitas pessoas. Umas por prazer mas a maioria por obrigação. O uso que deres ao teu "português" vai determinar não só quem és a nível pessoal mas em todos os campos. Nomeadamente, profissional...
Hugzz,
Rui
Já estou montes de tempo para comentar... só tenho uma coisa a dizer:
O português é traicoeiro!
Sim - eu percebi e concordo com os dois significados da palavra! =P
Apenas sei isto amigo: "Let your yes be your yes and your no be your no" Sê verdadeiro e diz o que realmente queres dizer... o resto dá muito trabalho e arriscas-te a perder o verdadeiro significado das palavras, das coisas e das pessoas...
Ah!... Gosto muito de ti! ;)
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