Esta expressão e outra "A passividade das pessoas é a origem de todas as tiranias" costumam ser utilizadas por pessoas que tem alguma consciência sobre os seus actos e deveres cívicos, como por exemplo o voto. As expressões em si estão correctas mas a práctica mostra-se diferente. Nos países ditos democráticos as pessoas tendem a "relaxar" visto terem direito ao voto, chega-lhes esse direito, de resto ficam calados. Nos países onde existe uma ditadura, a contestação é maior. Assim sendo, quem é que tem que ser passivo para haver tirania? O Governo ou o Povo? Isto para a passividade, quanto ao medo, se uma ditadura não tem medo que o povo se una, ao invés reprime mais o povo, numa democracia esse medo já existe, sobretudo no ultimo ano de mandato, é o medo de não ser reeleito!
Ora teoricamente, devia ser ao contrário, mas também não se pode esquecer que em países mais "civilizados", de uma forma ou outra, os ditadores foram escolhidos/eleitos, casos por exemplo de Salazar ou Hitler, até mesmo o Bush foi reeleito! :)
Na minha opinião, a relação democracia/ditadura e passividade/medo depende do lado em que está o exército, pois todas as ditaduras tem o seu término com a intervenção do exército, algumas vezes pacifica, outras à força. Quanto à passividade/medo numa democracia (pelo menos é esta a visada com as duas expressões mencionadas), já referi o tal medo de quem governa, mas o povo deve não tarda nada recear quem coloca ou não a dirigir um país, e se vierem com desculpas de que os políticos são todos a mesma coisa e por isso não votam, vote-se em branco, assim em vez de ter uma média de entre 38% e 50-60% de abstenção (conforme o tipo de eleição), se esses valores se convertessem em votos brancos, isso sim, é dar um forte sinal de que algo está errado!
Num sentido mais abrangente, a questão que se pode colocar é, onde termina a passividade/medo de um (Povo ou Governo) e começa a do outro? É na vontade individual? na colectiva? nos direitos adquiridos? na possibilidade de escolha? No poder militar?
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4 comentários:
Mais um bom post!
Eu depois passo cá outra vez para comentar!
Cá vai, talvez ainda volte :)
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Considero natural haverem mais razões para contestação e revolta quando não temos direitos alguns.
Quando nos sentimos castrados intelectualmente, quando não sabemos se vamos voltar a casa ao final do dia,
quando vivemos sob uma tirania, é quase inconsciente que grupos de pesssoas se unam e se organizem para protestar, lutar por direitos que consideram devidos.
Na democracia, ou melhor, neste caso mais relacionado com liberdade, não será tanto relaxamento, mas descontracção.
Não acordamos em pânico todas as manhãs com medo de alguém ter desaparecido às mãos de polícias políticas, de sermos torturados pelo simples facto de termos ideias próprias e de as querermos exprimir.
O que se passa, e nomeadamente em Portugal, é que durante muito tempo não nos foi permitido quase sequer pensar, quando mais falar.
E infelizmente, sendo a democracia ainda relativamente recente por cá, fomos de um extremo ao outro.
Note-se, claro, que neste comentário é necessário generalizar um pouco, tal como no post, senão era um blog só sobre isto! :)
Há quem considere que já conquistámos a liberdade e que agora o estado é que tem de fazer o resto, ou basicamente tudo.
Sendo um povo que se revela normalmente passivo em demasia, conformado, preguiçoso, ocioso mesmo.
Quando estamos num país em que as taxas de abstenção em eleições e referendos são de relevância de peso, o que me questiono é antes: por que motivo se lutou por um direito quando há quem pareça nem isso gostar de ter.
Quando nas oportunidades que nos dão para directamente influenciar o rumo das nossas vidas, preferimos ir à praia ou passear para o Colombo.
A frase original que mencionas, que utilizei durante mais de dois anos no meu blog, é "a passividade dos povos é a oigem de todas as tiranias".
E tem uma fundamentação evidente, a frase é clara e comprovável desde que existem sistemas sociais na humanidade, ou seja, desde praticamente sempre.
Temos de ter consciência também dos deveres, e aqui, uma vez mais, o povo português parece esquecer-se que não apenas tem direitos como deveres.
Aliás, em democracia, só cumprindo deveres temos direitos.
Só participando, sabendo que depende da nossa individualidade a saúde na colectividade, podemos ser um povo activo, presente, com futuro.
Não devemos temer os governos nem tão pouco eles a nós.
Somos todos um e o mesmo país.
Devemos todos ter a consciência cívica do que estamos a fazer, do que somos, do papel de cada um, e atentos mutuamente, meter mãos à obra.
Começando por sermos bons profissionais, cidadãos cumpridores, cidadãos interventivos.
E isso faz-se com pequenos actos e conversas diariamemte.
Faz-se procurando informação. Faz-se não fazendo de nós próprios das circunstâncias que por vezes as criamos e depois contra as quais não sabemos lutar.
Bom, falta uma palavra da última frase, aqui vai:
Faz-se não fazendo de nós próprios vítimas das circunstâncias que por vezes criamos e depois contra as quais não sabemos lutar.
Ah, já agora, faz-se com blogs como este. :)
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